sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
'BURLESQUE' apresenta ideia do cabaré para a nova geração
O Portal Terra, em sua porção Cinema, lançou uma ótima critica sobre o filme Burlesque. Confira:
O musical pastelão Burlesque faz uma ode aos anos 20 e cumpre a missão de apresentar essa magia dourada à geração que conhece Christina Aguilera como cantora ou integrante do Clube do Mickey, programa de TV que a revelou (assim como Britney Spears, Justin Timberlake e Keri Russell, de Felicity) na década passada. Infelizmente, sob o holofote da loira, a eterna musa Cher fica em segundo plano. Apesar de o filme ter levado um Globo de Ouro com Melhor Canção Original (concorria em três categorias, incluindo Melhor Filme na categoria Comédia), foi solenemente ignorado pelo Oscar.
A história é batida: a garota de interior, Ali (Christina Aguilera) segue em busca do sonho de ser cantora e dançarina em Los Angeles. Sem família, ela abandona seu emprego de garçonete em Iowa e busca um novo na cidade grande, quando conhece Jack (Cam Gigandet, da saga Crepúsculo - Lua Nova). Ele é um compositor sem sucesso, que trabalha de atendente no Burlesque Lounge, um bar estilo cabaré, à beira da falência, cujas dançarinas dublam sucessos da era do rádio. A proprietária Tess (Cher) é durona e é a pessoa que define o elenco a se apresentar em seu bar, ao lado do fiel escudeiro Sean (Stanley Tucci, de O Diabo Veste Prada), cujo humor gay-ácido arranca boas gargalhadas ao longo da trama.
Christina consegue um emprego no bar, mas de garçonete. Tempo depois, em uma audição forçada, consegue provar que sabe todas as coreografias embaladas pelas outras meninas e passa a integrar o elenco principal. Pela boa atuação, por vezes, a gente esquece que é a estreia da loira nas telonas - apesar de estar mais à vontade nas performances musicais. O estranho só é a personagem ingênua - para não dizer insossa - esbanjando carisma e sensualidade. Então associamos o sex appeal de Christina como melindrosa aos clipes de Lady Marmalade e Hurt. Dona de um corpo exuberante - nada igual àquele rechonchudo exibido na São Paulo Fashion Week, em recente passagem pelo Brasil -, aparece coberto de diamantes, lingerie, ora sem nada, ora recheado de plumas, paetês ou pérolas.
Colecionador de comédias adolescentes no currículo como produtor, o diretor Steve Austin - também roteirista do filme - deve ter preparado a receita burlesca em um liquidificador com cenas já vistas no cinema recente: Letra e Música, Showbar, e até mesmo Crossroads e Amigas Para Sempre, mas o ingrediente especial é a pitada de contemporaneidade que ele dá em musicais como Chicago, Mouling Rouge e Nine, apesar de todo o glamour anos 20 que permeia cada cena. As coreografias são robustas, completam toda a tela, têm menos espírito lúdico e as dançarinas têm mais caras de pessoas do cotidiano, menos bonequinha de luxo do que os clássicos da Broadway.
É inegável o talento e a coesão na escolha de cada intervenção cênica como musical, que Christina assina como produtora executiva. As danças são extremamente elaboradas, assim como todo o visual que as acompanha, iluminação e cenografia - desde o pole dance às escadarias e luminosos em neon. A nova diva está em praticamente todas de espartilho ou pouca roupa, ao contrário de Cher que faz apenas duas apresentações solo, com destaque para You Haven't Seen the Last of Me, uma balada que faz jus à sua carreira: com um vocal estridente, sua performance é meio nebulosa, digna daquele refrão que cantou em tempos passados: "é possível acreditar na vida após o amor?".
A trilha-sonora, apesar de não estar no CD, é composta por faixas que vão desde a rainha pop Madonna (Ray Of Light) até a nova sensação americana Neon Trees (com o hit Animal). A fotografia é impecável, assim como os cortes de uma cena para outra. São rápidos como os diálogos, que só ficam mais densos em momentos-chave do filme. O que te faz prestar mais atenção à mensagem. Os elementos que dão o desfecho são jogados em cenas aleatórias, por isso é preciso atenção.
Burlesque deve atrair os fãs de Aguilera como cantora. E se passarem por cima do preconceito, os fanáticos por musicais. Porque, com enredo adolescente ou não, é essa a alcunha do longa.
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